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Julho 2019

Texto por Rede DBLC Lisboa

Zero Waste Lab mobiliza comunidades rumo a uma sociedade "lixo zero"

Na terceira atividade local do projeto europeu WISE – “AgeEuropa: Fórum Deita Cá para Fora” – a Rede DLBC Lisboa teve como parceiro-chave a Zero Waste Lab Portugal, organização da sociedade civil pela qual a Sara Pinto e a Cristina Sousa vestem a camisola diariamente.
Conheça com estas duas ativistas de corpo inteiro e “com a mão na massa” um movimento de cidadania ativa que sonha com bairros, cidades e países, bem como com uma Europa e um Planeta “lixo zero” e que tem agido localmente para concretizar um sonho ousado, que passa inclusive por influenciar o poder local em matéria ambiental. Saiba como, lendo a entrevista que a Sara e a Cristina tão amavelmente nos concederam.


Como nasceu a Zero Waste Lab Portugal?
A Zero Waste Lab nasceu do programa de Liderança Criativa da THNK Lisbon, como resposta direta ao desafio lançado pela Câmara Municipal de Lisboa: como podemos aumentar a prosperidade dos cidadãos, num movimento coletivo para reduzir os resíduos urbanos?
A Zero Waste Lab é uma associação sem fins lucrativos que nasceu da ideia de formar um centro colaborativo e um laboratório de experimentação para promoção da filosofia lixo zero. Tem como objetivo sensibilizar e promover ações potenciadoras de mudança face à produção de lixo e da sua relação com os recursos e as comunidades.
Numa abordagem horizontal, agindo em cooperação com diversos setores da comunidade, a associação pretende acima de tudo abrir a discussão sobre o lixo e a problemática associada, sensibilizar para a importância da conservação dos recursos naturais e alertar para a urgente necessidade de ação global. Criar colaborações para maior impacto positivo é a nossa missão.


Fazendo parte de um movimento internacional, a Zero Waste Lab Portugal tem desenvolvido atividades à escala nacional e local. É impossível pensar o Ambiente apenas a uma destas escalas…
A sustentabilidade ambiental é uma questão transversal a escalas. Tudo o que acontece no bairro tem repercussões, mais tarde ou mais cedo, a nível global, como tal pensamos o ambiente como parte de um todo.
A sustentabilidade ambiental está intimamente ligada com a tolerância a responsabilidade partilhada entre todos, a responsabilidade pela sobrevivência e bem-estar de todos, plantas animais e pessoas.
Somos interdependentes e é nessa compreensão de interdependência que atuamos. A mobilização das pessoas é fundamental para que a sustentabilidade de todos aconteça e, sim, essa mobilização é que pode ser pensada em diversas escalas.
A Zero Waste Lab fundamenta o seu trabalho na dinamização célula a célula, seja a célula um bairro, uma escola, uma família, uma praia ou um restaurante. O que importa é que a mobilização seja verdadeiramente entendida para que possa ter impacto de fundo e no longo prazo.
É preciso trabalhar onde há tempo para tal, é preciso ter tempo para conhecer, despertar, partilhar, experimentar e mudar. Seja a que escala for, para nós é importante trabalhar com tempo e criando verdadeiras relações.


Em que pé está o projeto BIP/ZIP “Lixo Zero Mouraria”?
O projeto “Lixo Zero Mouraria” é um desses exemplos de mobilização de um bairro. Estamos neste momento na reta final do projeto, a dois meses do seu fim administrativo. Mas na realidade este é um projeto “sementeira”, tanto para o bairro como para nós, associação. Só está a terminar do ponto de vista administrativo, pois sentimos que foi um ano para conhecer o bairro e questionar, intervir ouvindo, provocando e fazendo um levantamento de quais os melhores modos de atuar nesta comunidade em particular.
Agora é que o projeto vai mesmo começar [risos]. No entanto este foi um ano cheio de ação e atividades, com muitas ações de rua, muitas conversas com moradores nos fóruns, ações de voluntariado e workshops, muitas ações na Escola, na restauração e estabelecimento de parcerias na comunidade. Este é um projeto muito emblemático para nós e acreditamos que também para a cidade.


Além dos fóruns no âmbito deste BIP/ZIP, que atividades desenvolveram no sentido de reduzir os resíduos no bairro da Mouraria?
O projeto realizou várias ações de sensibilização na rua, como recolha de beatas, distribuição de cinzeiros de bolso, onde muitas conversas aconteceram entre moradores, turistas e transeuntes e voluntários.
Promoveram-se também workshops Lixo Zero, sob o mote “Põe as Mãos na Massa”, e um programa Lixo Zero foi desenvolvido com Escolas da freguesia, abrangendo mais de 100 crianças do primeiro ciclo.
Foram colocadas caixas de correio em locais estratégicos na freguesia para receber sugestões, opiniões e ideias sobre o que a população entende por um “bairro lixo zero”, quais as preocupações, desejos ou dificuldades – entre outras atividades desenvolvidas com a restauração e alojamento local na definição de recomendações lixo zero nestes setores de atividade.
Todas as ações concorrem para a produção e divulgação de um Manifesto Comunitário Lixo Zero – objetivo principal do projeto.


Um resultado de vários fóruns comunitários [entre os quais o de maio, efetuado em parceria com a Rede DLBC Lisboa, na Mouraria] é um Manifesto “Lixo Zero”. A quem e quando o vão entregar? Que impacto esperam que tenha?
O Manifesto vai ter várias “faces”. Uma mais politica para entregar junto do poder local [freguesia e município] e outra de divulgação e sensibilização, através da construção de uma peça de arte publica que irá interpelar os transeuntes da Mouraria.
Gostaríamos que este Manifesto fosse impulsionador de mudança ao nível local, e pudesse envolver os cidadãos nos processos de decisão, rumo a um estilo de vida Lixo Zero.


Que contributos destes fóruns vão constar certamente deste manifesto?
Todos os contributos são inputs válidos e serão incluídos. No entanto, este Manifesto será resultado de todas as atividades e como tal os contributos serão trabalhados, tentando organizar e construir uma narrativa o mais fiel possível à vontade da comunidade.


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